terça-feira, 31 de julho de 2007

Tangará-dançador (Chiroxiphia caudata)



Família Pipridae

O Tangará foi uma boa surpresa na Buena Vista. Escutamos algo se debater na janela da sala, quando fui ver, la estava ele preso pelo lado de dentro. A princípio errei a classificação, mas pesquisei com um amigo Biólogo de Curitiba ,Guilherme Bettega, e ele acertou na mosca. Notei que ele rondava a região alguns meses antes, onde o vi atrás de restos de ração deixados pelos sabiás-de-laranjeira. (Euler Menk)

Caracterização

Mede 13 cm, adicionando-se mais 2 cm ao prolongamento das retrizes medianas. O macho é um azul celeste e cauda pretas tendo, no alto da cabeça, uma coroa vermelha brilhante. Na cauda, as duas penas centrais projetam-se além das outras. A fêmea é verde escura, reconhecida por um ligeiro prolongamento da cauda. Os machos imaturos são totalmente verde-oliva, mas alguns jovens podem ser distinguidos das fêmeas devido ao vermelho na fronte, que adquirem antes da troca de plumagem do restante do corpo.

Habitat

Habita as matas densas. Vivem no estrato médio da mata. E também são encontrados à beira de núcleos urbanos do sudeste do país, o que contribui para a sua populariedade.

Distribuição

Pode ser encontrado na Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul.

Hábitos

Voam bem, mas usualmente não deixam a mata frondosa, alguns revelam-se verdadeiros acrobatas quando exibem-se nas cerimônias pré-nupciais; os movimentos tornam-se mais ligeiros nos machos, menores e mais leves na fêmea.

Pegam formigas para friccioná-las nas asas e na base da cauda, utilizam as formigas na higiene da plumagem, esfregando os insetos vivos nas asas para gozar o efeito do ácido fórmico, atividade que é tratada como "formicar-se".

Alimentação

Comem bagas, frutas, tiram pequenos pedaços. Apanham pequenos insetos, vermes e aranhas nas folhas.

Reprodução

No período de reprodução, os dançadores machos executam verdadeiras danças diante das fêmeas. Vários enfileiram-se num galho e exibem-se, um de cada vez, diante da fêmea. Depois de executarem o ritual, cada macho vai ao fim da fila e espera a sua vez para exibir-se novamente.

A fêmea tem o seu próprio território ao redor do ninho. Constroem uma cestinha rala que é fixada a uma forquilha, muitas vezes por negros micélios de fungos, que podem prender o ninho como uma cortina, quebrando o seu contorno e mimetizando-o; utilizam teias de aranhas, em boa qualidade para colar o material da construção a qual muitas vezes está situada a uma altura relativamente grande, perto d'água e até sobre ela.

Põe dois ovos, são de fundo pardacendo com desenho pardo-escuro. A incubação é executada com dedicação pela mãe, é de 18 dias e os filhotes abandonam o ninho em 20 dias, quando começam a se alimentar e a se defender sozinhos.

Manifestações sonoras

As suas manifestações sonoras cerimoniais é marcada com forte "drüwed". A musiquinha começa num "tiu-tiu", passa para um "trá-trá", com os tangarás voando, fazendo evoluções e pousando nos galhos um junto ao outro, depois que cada um termina a sua parte na dança, que costuma durar de quinze minutos a meia hora. Após a dança, ou antes dela, o macho às vezes persegue uma fêmea, emitindo uma série de "trrrrs".

A espécie dispõe de um assobio de advertência: "dwüd", dwüod".

Denominação

O termo "tangará" deriva do tupi "ata" - andar, "carã" - em volta; seria equivalente ao "Saltarin" castelhano.

Bibliografia

Helmt Sick, 1988. "Ornitologia Brasileira". Marco Antonio de Andrade, 1997. "Aves Silvestres - Minas Gerais".

Curicaca - (Theristicus caudatus)



Fotos: Ambiente Brasil

Família Threskiornithidae

Dois casais de Curicacas nidificam em nossa mata. Durante o outono e inverno, eles permanecem por ali, com maior atividade pela manhã. Vôos sempre muito vocalizados, assemelha-se ao som de uma galinha-d'angola. (Euler Menk).

Caracterização

Mede aproximadamente 69 cm de comprimento e 43 cm de altura. É uma espécie grande de coloração clara e asas largas. Durante o vôo exibe grande mancha branca sobre o lado superior da asa, e o lado inferior é inteiramente negro. Bico longo, curvo, pernas altas.

Habitat

Vive em campos secos, pastos (inclusive campos de aviação).

Distribuição

Ocorre da Colômbia à Terra do Fogo; também nos Andes; grande parte do Brasil.

Hábitos

Procura lugares em que ocorreram queimadas - em busca de alimento. Tem hábitos diurno e crepuscular. Plana a grandes alturas, voa com o pescoço levemente curvado para baixo; as asas dispondo-se côncovas como grandes conchas. São sociáveis, chamam atenção quando se reúnem para dormir ou quando se deslocam para lugares distantes para comerem.

Alimentação

Alimenta-se de gafanhotos, aranhas, centopéias, lagartixas, cobras, ratos etc. Come às vezes sapos (Bufo granulosus), fato interessante, pois o veneno desse sapo é mortal para a maioria dos animais quando ingerido (exceto para a boipeva - Xenodon merremii). Para extrair larvas de besouro no solo, mergulha o bico na terra fofa até a base.

Reprodução

Os indivíduos associam-se em colônias. Nidificam sobre rochas ou árvores semeadas nos campos. Os ovos são brancos ou pardacentos salpicados. Põem cerca de 5 ovos. A incubação é de 20 a 25 dias. O casal reveza-se para cuidar dos filhotes, que são alimentados por regurgitação.

Manifestações sonoras

Gritos fortes, curtos, do timbre igual a uma galinha-d'angola. O casal e o bando que se reúnem para pernoitar gritam juntos; no auge do vozerio jogam a cabeça para trás.

Caça, utilização

Normalmente o curicaca é protegido pelos agricultores como um controlador biológico, não deixando que se acentue o número de pequenos animais considerados nocivos.

Bibliografia

Helmt Sick, 1988. "Ornitologia Brasileira".